sábado, 15 de maio de 2010

Como e onde comprar este livro (Livro esgotado)





LIVRO ESGOTADO COM O AUTOR. DISPONÍVEL NA LIVRARIA CULTURA:
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Sumário

Prefácio

Capítulo 1 - Afinal, o que é a hipnose?

A quem interessa saber?
Definindo transe e hipnose
Pré-história da hipnose
De Mesmer à Freud
Um procedimento de sugestão?
É tudo encenação?

Capítulo 2 - Campo empírico
Experiências e observações informais
Hipnose de grupo
Hipnose-espetáculo
Utilidade e eficácia da hipnose
A hipnose como panacéia: recalques reiterados

Capítulo 3 - A técnica da hipnose
Fundamentos

Capítulo 4 - Hipnose: fato ou fraude? Discussão de evidências experimentais

Referências

Leia um trecho do livro


A hipnose é ainda um tema muito controverso. Há alguns anos tenho me dedicado a pesquisá-la. Há muita confusão, mistificação e pseudociência acerca do tema. Reflexões de cunho funcional e conceitual devem ser realizadas. Pretendo, nesta coluna, tecer algumas delas ou mesmo levantar algumas questões. Para tanto, inicio aqui, com a transcrição da introdução do livro "Hipnose: fato ou fraude?", de minha autoria

A hipnose é um mito. Gosto desta expressão. Ela resume muito bem o volume de desconhecimento acerca da hipnose e o quanto de fascinação pode despertar. Por mito podemos conceber aquilo que é fabuloso, espetacular, mas que também já não corresponde precisamente à verdade. Ao mito sobra eficácia e falta verdade. O que é da dimensão de um mito já extrapolou as fronteiras da verdade para incursionar no mundo das “estórias mal contadas” ou muito bem contadas, pois que é fabuloso e extremamente instigante. Isto contudo, não impede uma reflexão crítica e sensata sobre este mito moderno, a hipnose, e a tentativa de compreendê-la de modo sincero e racional, direcionando nosso olhar para além do saturado campo de mistificações em que ela sempre esteve mergulhada.

Antes de Franz Anton Mesmer (1734-1815), pai da hipnose moderna, os estados de transe e seus modos de indução estavam relegados ao plano do sagrado, do sobrenatural. Antes do advento da medicina como um corpo específico e privilegiado de conhecimentos e práticas científicas para a produção ou restabelecimento da saúde, a cura era um processo que estava sempre ligado ao sobrenatural. A cura passava invariavelmente pela religião.

Foi Mesmer quem definitivamente conduziu a prática hipnótica do campo religioso para o campo médico. A aura de magia, de bruxaria, de cura milagrosa ou divina, sempre esteve junto das práticas xamanísticas ou de curandeirismo. O que antes pertencia ao plano do inexplicável, adentrou o campo da ciência e de lá para cá tem sido várias as tentativas de compreensão racional do que seja este fenômeno. Contudo, como sempre estiveram e ainda estão intimamente ligados ao campo das religiões, os estados de transe ainda habitam um imenso terreno de desconhecimento. A fabulação seria quase como um mecanismo automático de compreensão disto que sempre foi explicado ou compreendido à luz dos mitos e das religiões.

A hipnose é muito mistificada mesmo nos meios que advogam para si alguma compreensão ou validação científica. Ainda hoje não faltam equívocos acerca do que ela é ou seria. Menosprezada por alguns ou divinizada por outros, circula no imaginário como um fato sobre o qual pouco se sabe o que seja. A tendência é o desconhecimento e julgamentos precipitados ou repletos de interesses outros (financeiros, ideológicos, corporativistas) que não a busca sincera e humilde do saber.

Os que exageram seus poderes e que se fazem ouvir a plenos poderes da difusão nos meios de comunicação de massa, estão geralmente mais interessados em autopromoção financeira e pessoal do que em esclarecer o que é a hipnose. Quanto mais desconhecimento, quanto mais obscuridade, melhor, pois assim podem se revestir da aura de saberes e talentos ocultos, revelados somente por um processo especial de aprendizagem, o qual ultrapassaria os intercâmbios comuns entre os seres humanos. Assim, a própria técnica, sempre demonstrada em favor da ocultação do que seja, perde-se totalmente em meio ao mar de manipulações que a fabricam como mais uma ilusão a ser vendida e consumida por nossa sociedade de tempos em tempos.

Sim, o truque, a surpresa, a ilusão, vendem. Muitos preferem a ilusão ao conhecimento. O gozo de ser iludido, o encanto, vende mais do que o esclarecimento. Há graça na ilusão. O benefício dadivoso, repentino, sem motivo e sem explicação, é cheio de graça, um presente de Deus. E, muitas vezes, o trabalho de conhecer é um processo de desilusão, de desencanto. Demonstra os limites de algumas realidades e provoca frustrações. Extinguem com alguns horizontes e criam outros. Mas, de tão apegados que estivemos àqueles, não nos abrimos para os novos.

Os estados hipnóticos, de transe, sempre estiveram presentes na história da humanidade, seja nos rituais religiosos, xamanísticos, festas, ou mesmo nas sociedades modernas, em eventos de massa e em todos aqueles que de alguma forma reproduzem as relações simbólicas originárias entre os homens. Na modernidade, contudo, a medicina se apropria das experiências de transe para tentar lhes conceder um estatuto de cientificidade. Fato que até hoje se encontra em curso: a tentativa de se abordar cientificamente o fenômeno da hipnose. Este livro possui objetivos que estão nesta direção: alguma compreensão sensata e racional do que seja a hipnose, suas aplicações, técnicas e limites.

Para tanto, como o leitor poderá perceber, a linguagem utilizada é muito clara. E não se trata de mais um livro sobre o assunto, o qual se reserva somente à tarefa de traçar o percurso histórico da hipnose, sem atrever-se a adentrar o fenômeno em relação ao que ele de fato seja. Algumas questões importantes são enfrentadas como, por exemplo, a distinção entre a hipnose e a encenação. Assunto evitado ou esquecido por grande parte dos autores da área. E esta talvez seja uma pergunta que todos se fazem, mas poucos decidem enfrentar, refletir a respeito. É necessário se perguntar sobre a legitimidade do transe hipnótico e em que medida ou ocasiões responde mais a pressões e expectativas grupais do que a uma verdadeira alteração de consciência. E se o fingimento, a encenação, podem ou não participar de um processo de transe.

Este livro opta pela desmistificação, pelo esclarecimento, sem reservas, sem receios de traçar o retrato da hipnose com simplicidade e contra toda e qualquer espécie de hermetismo ou ocultismo, seja ela um fato ou uma fraude. Busca constantemente compreender este fenômeno, seja em termos psicológicos ou por meio de evidências empíricas informais e experimentais. Não trata da hipnose como um fenômeno já dado, estabelecido, questiona e reflete constantemente sobre a sua natureza.

Dado o impacto geralmente produzido em todos os envolvidos, sejam hipnotizados, hipnotizadores ou observadores, a hipnose é algo que merece atenção. Seja ela um fenômeno neurológico, psicológico ou de coação social, são válidas as tentativas sensatas e sinceras de compreendê-la. Mesmo que a hipnose seja simplesmente uma farsa, não tenho dúvidas de que por meio dela podemos compreender melhor o que é o ser humano, seu psiquismo, e sua relação com os outros de sua espécie.

Se a hipnose é uma farsa, logo vem-nos à mente conceitos como ilusão, mentira, fingimento, histeria, narcisismo, obediência, alienação, coação social, credulidade. Se alguém se submete à dor extrema e assim não transparece. Ou expõe-se ao ridículo e de modo inesperado, o que pensar? Estamos falando de extremos, de ocorrências impactantes para os envolvidos. Devem então nos obrigar a repensar estes conceitos, os quais, no caso hipnose, parecem extrapolar seu sentido comum. A hipnose propicia, com grande freqüência, a emergência do absurdo. A este não temos como dar as costas.


Referência:

Facioli, A. (2006). Hipnose: fato ou fraude? Campinas: Átomo.

Hipnose: quando é fraude?


Penso que existem alguns abusos (fraudes) de alguns que praticam a hipnose, seja profissionalmente ou não:

1. Difundir a hipnose como uma panacéia.

Divulgar listas com os inumeráveis benefícios da hipnose, tenham estas listas algum fundamento ou não. Particularmente desconfio das pesquisas vinculadas por sociedades de hipnose. Sinto no ar o cheiro de procedimentos que não dizem respeito ao espírito científico. Pesquisador trabalhando somente para provar a efetividade de sua hipótese não está fazendo ciência. Como sugere a filosofia da ciência: deve também tentar provar que sua hipótese é falsa. Deve possuir a capacidade para levar em conta os dois lados da realidade. Deve estar aberto às duas hipóteses. A hipnose, apesar do razoável volume de pesquisas existentes (e muitas, senão a maioria, repletas de confusões conceituais; portanto suspeitas, na minha concepção), ainda não é um fato consolidado, por diversas razões. As quais pude abordar em detalhe em meu livro (Hipnose: fato ou fraude?).

2. Exagerar sua eficácia. Não falar de seus limites (do que ela é capaz e do que não é).

Este segundo ponto é complementar ao primeiro (senão for o mesmo). Há uma tendência, mesmo em muitos profissionais da área, a fazer vista grossa para os limites da técnica hipnótica. A hipnose pode até ser útil em alguns contextos. Mas não deixar claro quais são os seus limites é um procedimento enganoso.


3. Não citar pesquisas e experimentos que demonstram a sua ineficácia em alguns contextos.

E estas pesquisas existem. Procuremos, por exemplo, só para começar, pelas pesquisas de Theodore Xenophon Barber e Nicholas Spanos. Há uma ausência enorme de autocrítica entre muitos dos que fazem uso da hipnose. Há uma tendência à mistificação, ao exagero. A hipnose é um mito de grandes proporções. E veja bem, não estou dizendo que ela não existe. Quando digo que “a hipnose é um mito”, estou me remetendo à idéia de que há ainda muito a ser conhecido, de que ainda é tratada como algo fantástico, fabuloso. Ou seja, é um tema envolto em mal-entendidos e mistificações. Quando dizemos que algo é um mito, estamos também dizendo que já não se sabe mais o que é verdade e o que é mentira sobre o assunto. Não tenho dúvidas, a hipnose é um mito alojado dentro da própria ciência. Ainda sabemos pouca coisa:

“Mais de um século de pesquisa em hipnose não levou a provas conspícuas da existência de um "estado hipnótico", porém há evidências de que comportamentos "dramáticos" associados à hipnose podem ser executados por voluntários não hipnotizados que não mostram evidências de terem estado em um "estado de transe". Comportamentos hipnóticos seriam mais condizentes com representações dirigidas a metas (goal-directed enactments) e indivíduos altamente hipnotizáveis seriam aqueles capazes de responder a interações interpessoais sutis e ao mesmo tempo se mostrar mais motivados para cumprir com demandas sociais de situações de hipnose para se apresentar como "bons" indivíduos. Sugestões para levantar o braço seriam na verdade sugestões para usar habilidades cognitivas para se comportar como se o braço estivesse levantando por si mesmo; sugestões para amnésia, significariam não apenas falha na lembrança da informação em questão, mas definir-se como tendo esquecido o material e, portanto, criar o cenário contextual que inclua não apenas o comportamento desencadeado, mas a experiência subjetiva apropriada” (Negro-Junior, Palladino-Negro e Louzã, 1999).

4. Realizar demonstrações de palco com recursos de ilusionismo e depois não esclarecer isto aopúblico, mostrando onde houve truques (o que ocorre com certa freqüência entre hipnotistas de palco).

5. Utilizar pré e pós-sugestão, por meio delas produzir espetáculo no palco, e depois não explicar comoisto foi feito, sob o risco de tudo parecer mágica ou fruto dos poderes excepcionais do hipnotista ou de uma técnica somente acessível a iniciados ou prodígios.

6. Esconder os fundamentos técnicos básicos, camuflados em um arsenal pretensamente infinito detécnicas, somente para poder vender mais e mais cursos.

Ressalto que os ítens de 4 a 6 ainda serão talvez melhor contemplados, em um próximo artigo, futuramente.

Atualmente há dois grandes ramos de pesquisas ou teorias sobre a hipnose: teorias de estado e de não-estado. As primeiras postulam que a hipnose é um estado e uma técnica especial. As teorias de não-estado, por sua vez, postulam que não há nada de especial ou inédito tanto na técnica hipnótica quanto nos estados que ela produz. Há também visões intermediárias, as quais vislumbram a possibilidade de estados especiais (alterações reais de consciência), os quais são atingidos por técnicas simples ou já conhecidas há muito pela humanidade, principalmente no plano religioso. Nesta concepção, a hipnose seria somente o modo criado pela Medicina para produzir alterações de consciência há muito já obtidas, por exemplo, pelas religiões.

Estou escrevendo um novo livro e à procura de uma editora interessada em publicá-lo. Trata-se de um livro de ficção. É composto por contos, baseados em casos reais, onde narro experiências bizarras e absurdas com a utilização da hipnose. Ou seja, as ironias da utilização da hipnose e seu submundo. Cito diversos exemplos de charlatanismo, pseudociência, casos em que houve manifestações inusitadas, “alterações de consciência” e “incorporações” (ou seja lá o que isso possa de fato ser). Enfim trata-se de um livro que tece reflexões críticas sobre a hipnose e as técnicas de indução, mas de modo narrativo e divertido. Enquanto não encontro uma boa proposta editorial, postarei alguns trechos aqui mesmo no Redepsi.

Referências:

FACIOLI, A.M. (2006). Hipnose: fato ou fraude? Teoria e técnica em uma abordagem psicodinâmica e evidências experimentais. Campinas: Átomo.

NEGRO JUNIOR, Paulo Jacomo, PALLADINO-NEGRO, Paula e LOUZA, Mario Rodrigues. Dissociação e transtornos dissociativos: modelos teóricos. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 1999, vol. 21, no. 4 [citado 2007-06-11], pp. 239-248. Disponível em: . ISSN 1516-4446.